domingo, 24 de abril de 2011

HOMENAGEM A SÃO BENEDITO

Em muitas cozinhas brasileiras não falta a imagem do santo.
 Patrono de todas as cozinheiras e cozinheiros.

                                      Na minha cozinha São Benedito também está sempre presente.  Acredito que São Benedito olha por nós e por nossos empregados em nossa cozinha e abençoa os nossos alimentos.
                                    Mas a homenagem mais bonita que já vi a SÃO BENEDITO, veio do RESTAURANTE BANANA DA TERRA em Prado que em forma de poema exalta uma tradicional receita pradense  sempre servida no dia do santo padroeiro.
                                           
CREME DE SÃO BENEDITO


Agradeço a São Benedito tão gostosa tradição:
Um prato bom e bonito, o bobó de fruta-pão.



Se não me falha a memória, o famoso fruta-pão,
É arvore da pré-história, e não esta em extinção.
Mas vamos lá a receita, e vejam bem como eu faço,
Pra ficar boa e bem feita, corte o fruta-pão em pedaço.


E se você não é tolo, veja lá se não esquece.
 Lava bem, tire o miolo.
Senão a fruta escurece.
Numa panela coloque água e sal sem exagero, 
mas pra dar aquele toque, junte parte do tempero.


 
Essa receita é um deleite, é baiana, como se vê.
Portanto coloque leite de côco, sal e dendê.



Cebola, pimentão, tomate, picadinho, não inteiro!
Bote no liquidificador e bate, junte a pimenta de cheiro.




 











 












Camarão VG para enfeitar, filezinho de camarão.
3 minutos para cozinhar,


 Junte o caldo ao fruta-pão tudo pronto, sirva quente!

O creme está bem macio.
Agora experimente: Falta o azeite um fio!

É baiana a tradição, gostar de tudo que esquenta.
 Portanto,não erre a mão: Carregue bem na pimenta!





Está mais gostoso do que nunca! Agora a decoração:
 Bote o creme na cumbuca e por cima, o camarão.


 
Aos demais ingredientes, junte o orgulho e pense:
Essa receita tão quente é baiana e pradense.



Poema escrito por: Beatriz Monjardim Faria Santos Rabelo






“SÃO BENEDITO É PODEROSO”

Foi pastor de ovelhas e lavrador. Aos 18 anos de idade já havia decidido consagrar-se ao serviço de Deus e aos 21 um monge dos irmãos eremitas de São Francisco de Assis o chamou para viver entre eles. Fez votos de pobreza, obediência e castidade e, coerentemente, caminhava descalço pelas ruas e dormia no chão sem cobertas. Era muito procurado pelo povo, que desejava ouvir seus conselhos e pedir-lhe orações
Cumprindo seu voto de obediência, depois de 17 anos entre os eremitas, foi designado para ser cozinheiro no Convento dos Capuchinhos. Sua piedade,sabedoria e santidade levaram seus irmãos de comunidade a elegê-lo Superior do Mosteiro, apesar de analfabeto e leigo, pois não havia sido ordenado sacerdote. Seus irmãos o consideravam iluminado pelo Espírito Santo, pois fazia muitas profecias. Ao terminar o tempo determinado como Superior, reassumiu com muita humildade mas com alegria suas atividades na cozinha do convento.



Sempre preocupado com os mais pobres do que ele, aqueles que não tinham nem o alimento diário, retirava alguns mantimentos do Convento, escondia-os dentro de suas roupas e os levava para os famintos que enchiam as ruelas das cidades. Conta a tradição que, em uma dessas saídas, o novo Superior do Convento o surpreendeu e perguntou: “Que escondes aí, embaixo de teu manto, irmão Benedito?” E o santo humildemente respondeu: “Rosas, meu senhor!” e, abrindo o manto, de fato apareceram rosas de grande beleza e não os alimentos de que suspeitava o Superior.
São Benedito morreu aos 65 anos, no dia 4 de abril de 1589, em Palermo, na Itália. Reverenciado e amado no Brasil inteiro, é um dos santos mais populares do país. Na porta de sua cela, no Convento de Santa Maria de Jesus em Palermo se encontra uma placa com a inscrição em italiano indicando que era a Cela de São Benedito e embaixo as datas 1524-1589, para indicar as datas do nascimento e de sua morte. Alguns autores indicam 1526 como o ano de seu nascimento, mas os Frades do Convento de Santa Maria de Jesus consideram que a data certa é 1524. Todos os anos asseguir a páscoa, há uma missa e festa em sua honra na localidade de coval,concelho de Santa Comba Dão

São Benedito é muito comemorado em Prado na primeira segunda-feira após o domingo de Páscoa.


Viola, reco-reco, tambor, pandeiro, tamborim, apito e muito canto formam, com o multicolorido das roupas, das fitas e dos estandartes, um espetáculo que Prado realiza com muita naturalidade, deslumbrando os que têm o privilégio de ver.

02 FEVEIRO - NOSSA SENHORA DA PURIFICAÇÃO

Depois de conviverem durante nove dias, com a Alvorada, sendo acordados sempre ás 5h30min ao som da Filarmônica Lira Pradense e dos fogos, os católicos de Prado comemoram em grande estilo o dia da festa, com celebração alusiva a Padroeira da cidade.
Os festejos em homenagem á padroeira surgiram quando os primeiros missionários chegaram ao município de Prado. Eles ouviram falar de uma aparição da Santa, que teria sido avistada pelos marujos quando pescavam em alto mar, e decidiram homenagear a Santa, escolhendo o dia 02 de fevereiro para a celebração.
O Alvará Régio de 20 de outubro de 1795 mudou o nome da aldeia que os aimorés chamavam de Vila do Jucuruçu, às margens desse rio, para Freguesia de Nossa Senhora da Purificação do Prado.
Desde então, Padroeira da Paróquia e da cidade de Prado, é a lembrança cristã daquele momento da lei mosaica em que Maria, após dar à luz seu filho Jesus, voltava ao templo e era declarada pura pelo sacerdote ao aceitar sua oferenda.
Jesus e sua mãe não estavam sujeitos a essa lei, mas obedientes a ela e pobres que eram, ofereceram dois filhotes de pombo, que são o símbolo da Paróquia de Nossa Senhora da Purificação e que comemora o fato em 2 de fevereiro de cada ano.




Tradicionalmente, religião, folclore e alegria popular se congregam em um dia inteiro de festejos.
Missa solene na Matriz, pela manhã; à tarde, depois da chegada das embaixadas dos "Mouros e Cristãos", forma-se magnífica procissão que percorre a cidade carregando em triunfo a imagem da Padroeira, Nossa Senhora da Purificação.


Por ordem régia se deveria criar uma nova vila no sítio próximo ao rio Jucuruçu. Para atrair um maior número de moradores foi feita a Thomé Couceiro de Abreu, ouvidor da Capitania de Porto Seguro, a sugestão de colocar ali um padre. Os habitantes poderiam, assim, cumprir os seus deveres de católicos. O fato é descrito em uma carta a El – Rey:
...Eu deixei recomendado ao Chanceller da Bahia, que encaminhasse para esta Capitania os degradados que não fossem por ladroens; porem se lhe viesse Avizo de S.M. e para o Rio de Janeiro se recomendasse o mesmo, mas util seria; se bem que o Capitão-mor das Conquistas e o Provador do Rio Tanhem me affirmarão, que posto no Rio do Jocurucu algum clerigo concorrerião para aquelle sitio muitas gentes de toda a parte a aproveitar-se da bondade e largueza de suas terras.
Em ofício datado de dois de janeiro de 1764, Couceiro de Abreu requereu as providências necessárias, que o bispo do Rio de Janeiro prontamente atendeu, criando-se pela portaria de oito de maio de 1764, a nova vigararia, sob a invocação da Virgem Nossa Senhora e cometendo ao padre João Alvares de Barros a sua paroquiação anual.
A igreja de N. S. da Purificação foi feita freguesia em 20 de outubro de 1795. Os primeiros portugueses, entre eles, Ignácio Marcial, haviam trazido para vigário da freguesia o Padre José Lopes Ferreira.
Até o século XIX a igreja era de taipa. Em 1853 José de Araujo Veiga lega 700$000 para construção do retábulo. O resto da obra seria por subscrição entre fieis. Como estava, nesta época, sem pároco, encarregou-se da obra um comerciante conceituado na vila chamado Antônio Dias Marcial.

Em 1876, em resposta a um ofício do governo da Província, a câmara do Prado coloca, entre outras necessidades urgentes, a construção da igreja matriz.

 

Santos peregrinos mantém cultura católica das comunidades tradicionais do Prado


Há mais de dois centenários que uma tradicional festa cultural católica faz parte da vida de diversas gerações de famílias nos municípios praianos de Caravelas, Alcobaça, Prado, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, principalmente em Prado, de onde partem todas as esmolas perambulantes com seus santos peregrinos, que passam 5 meses viajando de casa em casa dando benção às famílias e promovendo cantorias de reis tradicionais.
Da cidade do Prado, há quase 300 anos, desde que o local era comunidade demarcada da província de Porto Seguro, santos tradicionais como São Sebastião, Nossa Senhora do Rosário, Divino do Espírito Santo e mais recente São Benedito com 188 anos de peregrinação, partem todo o mês de novembro da cidade do Prado em direção a todas as comunidades tradicionais católicas dos municípios da costa do descobrimento.


Uma equipe do Teixeira News acompanhou por três dias a esmola peregrina da Pomba do Divino Espírito Santo, quando a romaria do santo visitava as comunidades do córrego do Ibassuaba e Foz do Rio Cahy na região de Cumuruxatiba, litoral norte do município de Prado. São muitas cantorias e um grupo de pessoas se desloca cantando e tocando instrumentos musicais fazendo uso de temas religiosos, referindo-se principalmente ao nascimento de Jesus e visita dos Reis Magos. A chegada das folias em uma residência é cercada por rituais. A bandeira sempre vai à frente, carregada pela moradora da residência anterior, que entrega à dona da casa do próximo imóvel onde a folia se alojará. E o santo é carregado pelo esposo, seguindo o mesmo ritual de passar para o próximo morador.
Os primos Edson Robson dos Santos, 25 anos, e Reginaldo Cancela dos Santos, 39 anos, estão este ano encarregados pela folia do Divino do Espírito Santo, que trata-se da romaria ambulante mais antiga da região com 328 anos de tradição, embora, há 14 anos, não saia da cidade do Prado. Os primos partiram com a Pomba do Santo em novembro passado da sua paróquia em Prado, sob a benção do Padre Ariston Domingues de Araújo e deverão chegar de volta ao Prado no dia 17 de Abril de 2011. Edson saiu na folia de São Benedito por 6 vezes e este ano resolveu acompanhar a esmola do Divino. Já Reginaldo tem 19 anos de tradição em vários santuários ambulantes e é a segunda vez que sai na peregrinação do Divino.




A família Guedes Borborema, uma comunidade tradicional formada por caboclos e índios nativos da região do córrego do Ibassuaba, em Cumuruxatiba, preserva todos os anos a tradição de receber todos os santos peregrinos, onde cada filho da comunidade abriga por um dia a esmola em sua casa e com apresentações diárias. A comunidade Guedes Borborema começou a ser formada nesta localidade em 1931, quando o caboclo nativo de Cumuruxatiba, Lúcio Guedes da Silva e sua esposa, a índia nativa da aldeia da Borborema no Pernambuco, Madalena Nunes Borborema, se casaram, ele com 17 anos e ela com 13 anos, onde tiveram 20 filhos, 78 netos e 66 bisnetos, e hoje forma um povoamento tradicional de caboclos produtores rurais e pescadores, todos católicos com mais de 600 habitantes numa área de 10 alqueires de terra, ramificados da mesma família.
A matriarca da família Madalena Nunes Borborema morreu aos 83 anos no dia 28 de novembro de 2002 e o patriarca, Lúcio Guedes da Silva, morreu aos 93 anos no dia 08 de maio de 2007. Mais filhos, netos, bisnetos e seus respectivos descendentes mantém a tradição na família de receber todos os anos, todas as cantorias católicas que passarem pela comunidade. Este ano, tão logo o Santo São Benedito passou pelo povoamento, foi à vez da Pomba do Divino do Espírito Santo e mais uma vez, seus foliões receberam a tão esperada receptividade.




Para o folião Edson Robson dos Santos, existem lugares onde eles passam que as pessoas batem com a porta na cara do santo e dos seus acompanhantes, mas em 90% dos casos onde a visita é pela primeira vez, os moradores recebem muito bem o grupo. As pessoas ajudam contribuindo principalmente com prendas: frango, leitoa, boi e até com dinheiro. Essas doações ajudam a realizar as apresentações e a manter a folia peregrinando. Mas, Reginaldo Cancela dos Santos, lembra, que se o morador não puder colaborar, não tem problema. “Nós cantamos do mesmo jeito”, afirma. Durante a cantoria, a bandeira do santo é levada pelos diversos cômodos da casa para abençoar o imóvel.
“A tradição da folia é familiar aqui na comunidade dos Guedes Borborema. Eu talvez fosse o filho mais distante da folia, mas antes do meu pai morrer ele passou a bandeira de São Benedito para mim por uma ocasião da visita da sua romaria em nossa casa. Só quando o papai faleceu, entendi que aquele gesto fosse um desejo dele, e este ano é a terceira vez que acompanho a folia de São Benedito. Posso garantir que a atitude de acompanhar o santo e aprender a tocar instrumentos, mudou a minha vida e comei a ver o mundo de outro ângulo e dá mais importância para as coisas de Deus”, disse o produtor rural Valdomiro Guedes Borborema da Silva, de 66 anos.

A animação não esconde a preocupação com a continuidade do costume de se festejar a chegada dos santos peregrinos nas comunidades tradicionais. “Poucos se interessam, só os mais velhos, mas nós queremos ensinar para outras pessoas a também valorizar esta cultura”, lamenta a produtora rural Carmelita Guedes Borborema da Silva. Segundo ela, não é fácil ensinar a alguém de fora da comunidade, que não conhece a tradição. Ela acredita que saber cantar ou tocar para acompanhar a folia é um dom de Deus.







“Meu esposo era apaixonado pelas folias e preservava esta cultura folclórica como ninguém. Embora a folia e suas marujadas nos façam lembrar muito ele, que faleceu prematuramente em 22 de maio de 2009, aos 55 anos, mesmo assim, procuramos manter a tradição da nossa família em Cumuruxatiba”, relata dona Carmelita. No entanto, acrescenta esperançosa, que muitas crianças que acompanham a folia demonstram gostar da atividade. “É a nossa tradição, nós gostamos muito. As mulheres, as crianças, todo mundo respeita e tem amor pela festa do mastro de São Sebastião de Cumuruxatiba em 20 de janeiro e pelas visitas dos santos romeiros em nossas casas”, concluiu.

Por Ronildo Brito (Site Teixeira News)